terça-feira, 9 de fevereiro de 2021

QUEM JÁ VIVE EM ALTO-MAR,

TEMPESTADES RECONHECE,

NÃO PARA DE NAVEGAR,

RESISTE E NÃO ESMORECE.

(ESCRITORTERCIO)























O LOBO E O CORDEIRO

TÉRCIO STHAL 

(DA OBRA DE MONTEIRO LOBATO)


Numa fazenda distante,

Cercados pelos fazendeiros,

Viviam os cordeiros.


Um dia, um filhote,

Que era muito inteligente,

Chamou a sua mamãe

E disse a ela de modo contundente:


- Acho que precisamos comer

Do capim do pasto dos bois,

Já que todo mundo pode ver

O quanto eles são mais fortes 

Do que qualquer um de nós.


Mas, a mamãe o orientou:


- Cada família tem o seu pasto,

O que há de errado com o nosso capim?

Um é mais fraco, outro é mais forte,

A Natureza é assim!


O cordeiro escutou, 

Mas, foi e quando voltou

Para a sua mamãe disse, enfim:


- O capim de lá é bom!

Mas você está com a razão.

Eu estava enganado!

Nada tem de errado

Com o nosso capim!


Mas, mamãe, agora eu quero ir

Beber água do riacho,

Pois acho e é bem provável

Que ela seja mais saudável

Do que a água que bebemos aqui!


Nós caminhamos tão devagar,

Enquanto os outros animais

Correm rápido e sem cansar...

Acho que o fazendeiro traz

E põe em nossa água algum produto

Para nos manter calmos neste reduto.


Mas, meu filho, disse a mamãe,

Que ideia é esta? É perigoso demais

Caminhar pela floresta...


Pode até ser perigoso, disse ele,

Mas eu não sou medroso!

E, ao amanhecer, sem ninguém perceber,

Ao riacho ele se encaminhou...


O lobo viu, se aproximou e exclamou:


- Ninguém convidou você para vir aqui!

Você está bem longe de sua casa,

Pare de beber e de turvar a minha água!

No ano passado, eu já percebi

A bagunça que você fez por aqui!


- Mas, seu lobo, no ano passado

Eu nem havia nascido!

Como posso ter turvado

A água deste riacho,

Sem sequer tê-la bebido?


- Não adianta se fazer de coitado,

Nem queira me fazer de bobo...

Disse, raivoso, o lobo.

Vá beber a água onde você mora,

Antes que eu venha a expulsá-lo.

Sem olhar pra trás, vá embora!


Seus argumentos não me convencem,

Até os viajantes portam alcantis,

para não beber, jamais,

Da água que não lhes pertence...

Se não trouxe alcantil,

O problema é seu!


Não quero ouvir nem mais um pio,

Cai fora! E pare de usar o que é meu!

Então, antes que o lobo feroz

O atacasse, ele foi embora

E não se ouviu o som de sua voz.


E, ao ver a sua mamãe, disse a chorar:


- Agora, eu aprendi a lição

Que conselhos de mãe

Ninguém deve desprezar!




O VASO DE PANDORA

TÉRCIO STHAL

(DA MITOLOGIA GREGA)


Pandora era

Uma mulher muito bela,

Até hoje todo mundo diz.


Prometeu se apaixonou,

Prometeu casar-se com ela

E se casou.


E dizem que ele foi

Muito feliz!


Mas, um dia, 

Pandora abriu

O seu vaso secreto...


O mundo todo viu

E ficou irrequieto.


Dentre dele toda a verdade,

Todas as mazelas da Humanidade:

Vícios, loucuras, crimes e violências,

Pragas, pobreza, e outras inconveniências.


Quando o vaso de Pandora estava fechado,

Era só harmonia e nenhum desagrado.

Mas, quando o vaso de Pandora ficava aberto,

Ninguém ousava, sequer, chegar perto.


Dizem que, ao abrir

O vaso de Pandora,

Não há como esconder segredos,

Todas as neuras, más influências

E medos afloram.




O BELO NARCISO

TÉRCIO STHAL

(DA MITOLOGIA GREGA)


Em Beócia, na Grécia Antiga,

Nasceu o Belo Narciso,

Filho da deusa Liríope

E do deus do Rio Cefiso.


Preocupada, Liríope, um dia,

Perguntou a Tirésias, o adivinho,

Quanto tempo de vida Narciso teria?


E Tirésias, o adivinho,

respondeu acerca do que via:


- Se Narciso jamais olhasse 

Para a sua própria imagem,

Vida longa ele teria!


Segundo a profecia,

Narciso cresceu e se tornou

Um caçador adulto,

A proibição, todavia,

Sempre lhe pareceu

Um enorme insulto.


Então, um dia, resolveu

Ir até à beira do rio

Mas, quando para as águas olhou,

Se apaixonou pelo que viu:

A sua estonteante beleza refletida!


Cumpriu-se, assim, a sua sina:

Ao cair no rio, ele perdeu a vida!

Sua beleza incomum

Foi o que deu causa a sua ruína!





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