(ARISTÓTELES?)
MILAGRE DA IDIOSSINCRASIA
TÉRCIO STHAL
Se os fenômenos naturais
Não forjarem imagens suficientes,
Nem visões de mundo consistentes,
A originalidade da idiossincrasia
Trará sínteses a partir da avaria,
Explicará cada ideia abstrata e mitos,
Destrinchando ideias complexas e conflitos,
Tendo por referencial o passado e o presente,
Formulará novas teses a cada dia,
E trará de dentro, do próprio espírito,
A certificação do abstrato ao adjacente.
Se o semipóstumo presente
De algum modo vier a sentir
E memorizar em vivaz lembrança
Ou se for além e puder imaginar,
A ponto de ajuizar e refletir,
Consciente, com vida e esperança,
Na atividade e na passividade
Colecionará noções gerais
De prazer, de dor e de desejos,
Que produzirão paixão e algo mais.
Por extensão e estável vontade,
Ao saber dos desejos e das paixões
Do Ser ou de Além Providência,
Em conflitos e em incongruências
Ressaltará as lides e as contradições
E o culto à razão sem muitas ponderações,
Justificará a guerra como única saída
Ou a vivacidade da arte a superar a vida.
Eis aí, o milagre vivo da idiossincrasia!
Por virtude ou por simples dever particular,
A hábil possibilidade de autodestruir-se
E das cinzas, depois de morta, ressurgir e voar.
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