NÃO ESTÁ NAS PALAVRAS.
ESTÁ NAS PESSOAS QUE AS DIZEM.
(EMERSON)
O VOO DA ÁGUIA
TÉRCIO STHAL
(REESCREVENDO E RECONTANDO
A FÁBULA "A ÁGUIA E A GALINHA,
VINDA DE GANA)
Era uma vez um Camponês
Que, ao caminhar, um dia,
Pela Floresta vizinha,
Pegou o Ovo de uma Águia
E o colocou no ninho da Galinha...
A Galinha chocou o Ovo da Águia,
Sem perceber que era diferente...
O filhotinho nasceu feliz e contente
E ciscava o dia inteiro, no terreiro,
Com os filhotinhos da Galinha...
Mas, um dia, o Camponês
Recebeu a visita de um Naturalista...
Que, ao ver o pássaro, exclamou:
- Este pássaro, meu amigo,
Não é uma Galinha!
Vamos libertá-lo deste castigo!
Ele precisa voar!
Mas, o Camponês retrucou:
- Ele foi foi criado como Galinha,
Nunca voou, nem, vai aprender a voar...
Deixe tudo, assim, como está!
Não, disse o Naturalista...
- O seu coração de Águia
Há de levá-lo às alturas!
A vida não é só o que se avista!
Façamos um desafio:
Vamos erguê-la, no ar,
Para ver se ela é capaz
De bater asas e voar...
A Águia, no braço do Naturalista,
Avistou as Galinhas ciscando grãos
E pulou, para junto delas, no Chão.
Então, o Camponês comentou:
- Esta linda Ave é minha,
Eu a criei e ela virou Galinha...
No dia seguinte, o Naturalista insistiu...
A levou para o teto da Casa
E disse para ela bater asas,
Mas ainda não foi desta vez!
Debochando, disse o Camponês:
- Deixe de teimosia,
Esta Ave é minha
E eu já lhe disse
Que a criei como Galinha!
No terceiro dia,
Lá no alto da Montanha,
O Naturalista ergueu a Águia,
Disse para ela abrir as asas e voar...
Mas ela olhou para baixo, tremeu
E não realizou a façanha.
No quarto dia, porém,
O Naturalista a segurou, firmemente,
E direcionou os olhos dela para o Céu,
Lançou-a no ar e, repentinamente,
Ela pegou um grande impulso
E se pôs a voar, escolhendo
Para si, o melhor percurso.
Ela descortinou novos Horizontes,
Para além das cercas, muros e pontes...
Conheceu novos Mundos e novos ares,
Novas Terras e tantos lugares,
Viajou pelo Céu azul,
Por Nuvens, Rios e Mares,
E conferiu, a olho nu,
Tudo o que jamais imaginou!
Hoje ela sabe como é bom voar!
E não se arrepende de ter deixado
Para trás o hábito de ciscar!
O CÃO E A LEBRE
TÉRCIO STHAL
(IMITANDO ESOPO OU LA FONTAINE)
O Cão era matreiro...
O Cão era caçador...
E dizia, de si para consigo,
Aonde esta Lebre for, eu vou!
Mas, a Lebre corria tanto,
Desesperadamente pelos Campos,
Que, num relance,
Finalmente escapou.
O Burro, que via a cena,
num rompante, exclamou:
- Como um Cão deste tamanho
Não consegue pegar uma simples Lebre!
O Cão ouviu e retrucou:
- Você não sabe de nada,
Meu amigo Burro,
Quem entende de caça sou eu!
Não vê que a Lebre estava desesperada
E, por isso, se escafedeu!
Não é fácil correr atrás,
Esta é a minha lida...
Afinal, meu amigo Burro,
O que lhe parece:
Eu corro atrás apenas para pegar
O que me apetece,
Enquanto a Lebre corre
Para defender a própria vida!
Quem deve correr mais?
QUAL CAMINHO ESCOLHER?
TÉRCIO STHAL
(IMITANDO UMA ESTORINHA ANTIGA
DE AUTOR, PARA MIM, DESCONHECIDO)
Toda vez que a Caça começava a desaparecer,
O velho Cacique da Tribo curtia, ao Sol,
Um pedaço de couro que, a cada dobra, formava
Um Mapa onde se podia ver diferentes caminhos...
Curioso, um dos Índios certo dia perguntou:
- Oh, Grande Mestre, diga-me como o Senhor faz
Para encontrar o Caminho por onde anda a Caça.
Qual o mistério, afinal?
Não há mistério, respondeu, prontamente o Cacique.
Sei os caminhos por onde ande e não achei a Caça,
Então vejo, no Mapa, Novos Caminhos...
Escolho um deles e vou à Caça, sem pestanejar!
Portanto, Grande Guerreiro, preste muita atenção
Na hora de escolher o Caminho a seguir... E vá em frente!
Pois só encontra o que procura, quem sabe o que quer
E sabe, verdadeiramente, para onde deve ir!
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