terça-feira, 15 de dezembro de 2020

O SIGNIFICADO DAS PALAVRAS

NÃO ESTÁ NAS PALAVRAS.

ESTÁ NAS PESSOAS QUE AS DIZEM.

(EMERSON)


























O VOO DA ÁGUIA

TÉRCIO STHAL

(REESCREVENDO E RECONTANDO 

A FÁBULA "A ÁGUIA E A GALINHA,

VINDA DE GANA)


Era uma vez um Camponês

Que, ao caminhar, um dia,

Pela Floresta vizinha,

Pegou o Ovo de uma Águia

E o colocou no ninho da Galinha...


A Galinha chocou o Ovo da Águia,

Sem perceber que era diferente...

O filhotinho nasceu feliz e contente

E ciscava o dia inteiro, no terreiro,

Com os filhotinhos da Galinha...


Mas, um dia, o Camponês

Recebeu a visita de um Naturalista...

Que, ao ver o pássaro, exclamou:

- Este pássaro, meu amigo,

Não é uma Galinha!

Vamos libertá-lo deste castigo!

Ele precisa voar!


Mas, o Camponês retrucou:

- Ele foi foi criado como Galinha,

Nunca voou, nem, vai aprender a voar...

Deixe tudo, assim, como está!


Não, disse o Naturalista...

- O seu coração de Águia 

Há de levá-lo às alturas!

A vida não é só o que se avista!

Façamos um desafio:

Vamos erguê-la, no ar,

Para ver se ela é capaz

De bater asas e voar...


A Águia, no braço do Naturalista,

Avistou as Galinhas ciscando grãos

E pulou, para junto delas, no Chão.


Então, o Camponês comentou:

- Esta linda Ave é minha,

Eu a criei e ela virou Galinha...


No dia seguinte, o Naturalista insistiu...

A levou para o teto da Casa

E disse para ela bater asas,

Mas ainda não foi desta vez!


Debochando, disse o Camponês:

- Deixe de teimosia, 

Esta Ave é minha

E eu já lhe disse

Que a criei como Galinha!


No terceiro dia,

Lá no alto da Montanha,

O Naturalista ergueu a Águia,

Disse para ela abrir as asas e voar...

Mas ela olhou para baixo, tremeu

E não realizou a façanha.


No quarto dia, porém,

O Naturalista a segurou, firmemente,

E direcionou os olhos dela para o Céu,

Lançou-a no ar e, repentinamente,

Ela pegou um grande impulso

E se pôs a voar, escolhendo

Para si, o melhor percurso.


Ela descortinou novos Horizontes,

Para além das cercas, muros e pontes...

Conheceu novos Mundos e novos ares,

Novas Terras e tantos lugares,

Viajou pelo Céu azul,

Por Nuvens, Rios e Mares,

E conferiu, a olho nu,

Tudo o que jamais imaginou!


Hoje ela sabe como é bom voar!

E não se arrepende de ter deixado

Para trás o hábito de ciscar!




O CÃO E A LEBRE

TÉRCIO STHAL

(IMITANDO ESOPO OU LA FONTAINE)


O Cão era matreiro...

O Cão era caçador...

E dizia, de si para consigo,

Aonde esta Lebre for, eu vou!


Mas, a Lebre corria tanto,

Desesperadamente pelos Campos,

Que, num relance,

Finalmente escapou.


O Burro, que via a cena,

num rompante, exclamou:

- Como um Cão deste tamanho

Não consegue pegar uma simples Lebre!


O Cão ouviu e retrucou:

- Você não sabe de nada,

Meu amigo Burro,

Quem entende de caça sou eu!

Não vê que a Lebre estava desesperada

E, por isso, se escafedeu!

Não é fácil correr atrás,

Esta é a minha lida...

Afinal, meu amigo Burro,

O que lhe parece:

Eu corro atrás apenas para pegar

O que me apetece,

Enquanto a Lebre corre

Para defender a própria vida!

Quem deve correr mais?




QUAL CAMINHO ESCOLHER?

TÉRCIO STHAL

(IMITANDO UMA ESTORINHA ANTIGA

DE AUTOR, PARA MIM, DESCONHECIDO)


Toda vez que a Caça começava a desaparecer,

O velho Cacique da Tribo curtia, ao Sol,

Um pedaço de couro que, a cada dobra, formava

Um Mapa onde se podia ver diferentes caminhos...


Curioso, um dos Índios certo dia perguntou:

- Oh, Grande Mestre, diga-me como o Senhor faz

Para encontrar o Caminho por onde anda a Caça.

Qual o mistério, afinal?


Não há mistério, respondeu, prontamente o Cacique.

Sei os caminhos por onde ande e não achei a Caça,

Então vejo, no Mapa, Novos Caminhos...

Escolho um deles e vou à Caça, sem pestanejar!


Portanto, Grande Guerreiro, preste muita atenção

Na hora de escolher o Caminho a seguir... E vá em frente!

Pois só encontra o que procura, quem sabe o que quer

E sabe, verdadeiramente, para onde deve ir!



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