"O FEITIÇO VIRA CONTRA A FEITICEIRA!"
(ESCRITORTERCIO)
O CÃO E A MÁSCARA
TÉRCIO STHAL
(IMITANDO ESOPO OU LA FONTAINE)
No quintal da casa de fundos
O cão de estimação procurava o osso
Que havia escondido no chão.
Por todo lado ele farejava,
Mas nada de encontrar
O que tanto almejava.
Encontrou apenas uma máscara
Brilhante, colorida e de grande valor,
Mas a deixou ali mesmo onde ela estava.
Então, um pássaro que viu a cena,
Perguntou ao cão:
-Por quê você desprezou
Esta máscara tão linda?
E o cão, imediatamente, respondeu:
- Para mim, máscara não é bem-vinda!
Prefiro o osso que eu gosto,
Prefiro o osso que é meu!
Rá, rá, rá, rá...
MORAL DA ESTÓRIA:
SEM QUERER SER SEVERO,
NO MUNDO SOBRAM MÁSCARAS,
UMAS LINDAS,
OUTRAS NEM TANTO,
MAS FALTAM MIOLOS
E O RARO ENCANTO
DE UM ROSTO SINCERO.
O CANTO DAS SEREIAS
TÉRCIO STHAL
(IMITANDO ESOPO OU LA FONTAINE)
Viajando entre as nuvens,
Deusas das Chuvas e do Céu,
Da Vegetação e do Mar,
Ora como pássaro-mulher,
Ora como mulher-peixe,
Serpenteando, a cantar e dançar
Lindas melodias
Para os marinheiros encantar.
Assemelham-se às Harpias,
De lindas vozes e beleza singular,
Atacaram Odisseu,
Ofenderam Afrodite,
E hoje vivem isoladas,
Numa ilha distante,
Em algum ponto do Mar.
Dizem que controlam as mentes,
Quando estão a cantar,
E dizem que elas tem
Brilhantes escamas douradas,
Garras muito bem afiadas,
Emitem suaves sons
Como de flautas transversais
E lacrimejam pérolas,
Que se consumidas forem
Juventude e esperança
Podem se eternizar.
Dizem que dominam as mentes...
E até o silêncio delas é de preocupar,
Pois o modo que elas de olhar e de dançar
É capaz de fazer qualquer um se apaixonar.
Mas dizem que há um jeito seguro
Para não se deixar enfeitiçar.
Reza a lenda que para não se deixar levar
Pelo Canto das Sereias,
Talvez seja preciso cantar e dançar
Bem melhor do que Elas.
Não ouvi-las a cantar,
Não vê-las a dançar,
Nem prestar atenção nelas
Quando se apresentam
Com meiguice e singeleza no olhar.
Será isto verdade?
Será!?!
O CALDEIRÃO DA DONZELA
TÉRCIO STHAL
(IMITANDO ESOPO OU LA FONTAINE)
Era uma vez uma linda donzela
A cantar lindas canções de amor
No parapeito de sua janela.
Ela queria ficar noiva e se casar...
Encontrar um belo par,
Para ser feliz com ela.
Mas se por ela alguém se interessasse
E por algum motivo ela não gostasse,
Transformava-se e revelava o segredo dela.
Tinha verruga na ponta do nariz,
Seu aspecto era triste e infeliz,
Sua pele cinza e suas unhas amarelas.
Mas, um dia, ela gostou de alguém,
Como nunca havia gostado de ninguém,
Então o convidou para entrar na casa dela.
Pegou o seu caldeirão e preparou a feijoada,
Comportou-se como uma mulher apaixonada,
Mostrando, o tempo todo, como era bela...
Tudo corria muito bem, até então...
Mas o sujeito era tão guloso, tão guloso,
Que acabou caindo dentro do caldeirão.
Aí se firmou, de vez, a maldição,
A notícia correu
E ela nunca mais encontrou alguém
Para comer na sua mão.
MORAL DA ESTÓRIA:
AINDA QUE NINGUÉM QUEIRA,
UMA HORA O FEITIÇO
VIRA CONTRA A FEITICEIRA.
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