quarta-feira, 14 de outubro de 2020

AINDA QUE NINGUÉM QUEIRA,

 "O FEITIÇO VIRA CONTRA A FEITICEIRA!"

(ESCRITORTERCIO)






























O CÃO E A MÁSCARA

TÉRCIO STHAL

(IMITANDO ESOPO OU LA FONTAINE)


No quintal da casa de fundos

O cão de estimação procurava o osso

Que havia escondido no chão.


Por todo lado ele farejava,

Mas nada de encontrar

O que tanto almejava.


Encontrou apenas uma máscara

Brilhante, colorida e de grande valor,

Mas a deixou ali mesmo onde ela estava.


Então, um pássaro que viu a cena,

Perguntou ao cão:

-Por quê você desprezou

Esta máscara tão linda?


E o cão, imediatamente, respondeu:

- Para mim, máscara não é bem-vinda!

Prefiro o osso que eu gosto,

Prefiro o osso que é meu!


Rá, rá, rá, rá...



MORAL DA ESTÓRIA:


SEM QUERER SER SEVERO,

NO MUNDO SOBRAM MÁSCARAS,

UMAS LINDAS, 

OUTRAS NEM TANTO,

MAS FALTAM MIOLOS 

E O RARO ENCANTO

DE UM ROSTO SINCERO.




O CANTO DAS SEREIAS

TÉRCIO STHAL

(IMITANDO ESOPO OU LA FONTAINE)


Viajando entre as nuvens,

Deusas das Chuvas e do Céu,

Da Vegetação e do Mar,

Ora como pássaro-mulher,

Ora como mulher-peixe,

Serpenteando, a cantar e dançar

Lindas melodias

Para os marinheiros encantar.


Assemelham-se às Harpias,

De lindas vozes e beleza singular,

Atacaram Odisseu,

Ofenderam Afrodite,

E hoje vivem isoladas,

Numa ilha distante,

Em algum ponto do Mar.


Dizem que controlam as mentes,

Quando estão a cantar,

E dizem que elas tem

Brilhantes escamas douradas,

Garras muito bem afiadas,

Emitem suaves sons

Como de flautas transversais

E lacrimejam pérolas,

Que se consumidas forem

Juventude e esperança

Podem se eternizar.


Dizem que dominam as mentes...

E até o silêncio delas é de preocupar,

Pois o modo que elas de olhar e de dançar

É capaz de fazer qualquer um se apaixonar.

Mas dizem que há um jeito seguro

Para não se deixar enfeitiçar.


Reza a lenda que para não se deixar levar

Pelo Canto das Sereias,

Talvez seja preciso cantar e dançar

Bem melhor do que Elas.

Não ouvi-las a cantar,

Não vê-las a dançar,

Nem prestar atenção nelas

Quando se apresentam

Com meiguice e singeleza no olhar.


Será isto verdade?

Será!?!




O CALDEIRÃO DA DONZELA

TÉRCIO STHAL

(IMITANDO ESOPO OU LA FONTAINE)


Era uma vez uma linda donzela

A cantar lindas canções de amor

No parapeito de sua janela.


Ela queria ficar noiva e se casar...

Encontrar um belo par,

Para ser feliz com ela.


Mas se por ela alguém se interessasse

E por algum motivo ela não gostasse,

Transformava-se e revelava o segredo dela.


Tinha verruga na ponta do nariz,

Seu aspecto era triste e infeliz,

Sua pele cinza e suas unhas amarelas.


Mas, um dia, ela gostou de alguém,

Como nunca havia gostado de ninguém,

Então o convidou para entrar na casa dela.


Pegou o seu caldeirão e preparou a feijoada,

Comportou-se como uma mulher apaixonada,

Mostrando, o tempo todo, como era bela...


Tudo corria muito bem, até então...

Mas o sujeito era tão guloso, tão guloso,

Que acabou caindo dentro do caldeirão.


Aí se firmou, de vez, a maldição,

A notícia correu

E ela nunca mais encontrou alguém

Para comer na sua mão.



MORAL DA ESTÓRIA:


AINDA QUE NINGUÉM QUEIRA,

UMA HORA O FEITIÇO

VIRA CONTRA A FEITICEIRA.



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