segunda-feira, 4 de novembro de 2019

QUANDO POUCO É TUDO




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E MUITO É QUASE NADA:
BASTANTE É O SUFICIENTE?
O QUE ABUNDA, TRANSBORDA?

(ESCRITORTERCIO)



TRAVESSEIRO MACIO
TÉRCIO STHAL

Minha cabeça rocha
meu travesseiro macio:
Mar que não conheço a fundo.

Sombras de Ser e de Não-Ser:
Palavras, silêncios, ecos...
Ora venenos, ora antídotos.

Razões desconhecidas:
Cercas de arames farpados.
Carneirinhos que pulam.

Num dia-noite, talvez madrugada,
quem sabe eu consiga
contar todos os carneirinhos.

Mas tomara que eu não durma,
mesmo em travesseiro macio,
sem acordar os meus sonhos.



UMBIGO
TÉRCIO STHAL

Azul
como a luz do meu
Abajur
Nenhum milagre
Brilha
Minha Pele.

Meu sapato preto
no meu pé cansado
tem brilho garantido
pela graxa e escova que passo.

Centrado,
Meu Umbigo fala mais do que eu...
Indica minhas raízes:
Razão, Sentimento e Vontade.

Sangue circulante:
Mais bolas e bolhas do que bulas.
Mais asas do que pés e mãos.
Menos ecos e mais voz.



TEMPOS MODERNOS
TÉRCIO STHAL

Enquanto o sapo reclama
que a mosca não se deixa engolir,

a mosca vem e reclama
que anda engolindo sapo demais.

Assim o amor entre o sapo e a mosca
fica no devir

ou na fila de espera
da Secretaria da Beira do Cais.



A SANGUE FRIO
TÉRCIO STHAL

No tempo mais propício escolho
estourar a rolha da garrafa cheia
e me banhar completamente
numa taça do mais puro vinho:

- Vermelho como sangue quente. -

Não requento o meu prato feito
e pacientemente o como e bebo:

- Convenientemente a sangue frio. -

No meu paladar doce como e bebo
a suavidade de pimentas malaguetas,
sorvendo a singular e singela mornidão
de cada instante revelado indigesto:

- Todos os ganhos e todas as perdas. -

Já que o bocado seco não alimenta
nem satisfaz o desejo do meu coração:

- Tudo sobre a mesa, cama e banho. -

Antes tarde do que perder a vontade
de saciar a minha fome e a minha sede.
Quero comemorar por ser um vencedor.
Quero vencer sem nenhum arrependimento:

- Nos olhos dos outros, sempre refresco. -

Justiça seja feita pós cansaço ou ressaca,
ao Sol ou dentro do Vale da Sombra da Morte.

- Queime a língua quem não amornar o prato. -

Pelas beiradas tem veneno e tem antídoto
que podem ser degustados e até apreciados.
Quem come e bebe a própria condenação
é como língua que fala o que deve silenciar.

- Comam e bebam suas penas e suas sinas. -



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