(SAMUEL BUTLER)
OS PINGOS E OS IS
TÉRCIO STHAL
Queiramos ou não, os problemas do mundo
nos pertence e cabe a cada um, de nós,
encontrar soluções para eles.
Por este motivo, direciono o que escrevo
para a possível e insofismável luta contra
o conformismo do nosso tempo e contra a
morte anunciada.
Sempre que tenho vontade de escrever,
escrevo. Escrevo mentiras para reproduzir
e repercutir verdades. Escrevo verdades
para expor as mentiras.
Tenho certeza de que escrevo sobre o que
absorvo, o que sinto e o que penso. Escrevo
para quem lê. Escrevo para quem interpreta.
Para quem decodifica e configura a seu modo,
a seu critério e a seu gosto.
Por vezes mostro os pingos, mas não mostro
os is, nem os jotas. Se mostro os is e os jotas,
nem sempre os pingo.
Todavia, se faz necessário e é de bom alvitre
que os is e os jotas, por minúsculos que sejam,
recebam os devidos pingos.
Cada i e cada j, destes, que não obtenham os
devidos pingos podem causar conflito ou gerar
falta de parâmetro seguro.
A vida nem sempre cria e apresenta conflito,
mas quando o conflito se faz presente, por os
pingos nos is e nos jotas é fundamental.
Por ser assim, além de formatar e moldar
cada i e cada jota, ainda que ao sabor das
circunstâncias, importante é saber colocar,
sobre eles, os pingos que, devidamente,
os identifiquem e os qualifiquem, em um
patamar acima dos melindres e dos interesses
unicamente individuais.
Não adianta trancar-se entre quatro paredes
no quarto de fundos ou da frente, quebrar os
espelhos e olhar fixamente só para si, pois
todo Ser Humano para ser grande e ser inteiro
precisa se colocar acima da condição primeira,
do seu "Status Quo," e acima da condição em
que os outros o imagina.
Não, não vale a pena fugir dos outros, do tédio,
dos problemas, da ansiedade, do perigo, da
violência e da privação, da fome, do sofrimento
e da morte, já que a maior das ameaças e a
maior decepção é o medo.
Não se deve ter medo dos is nem dos jotas,
estejam eles pingados ou não. Tampouco
furtar-se de colocar, neles, os devidos pingos.
E saber o quanto é importante não apenas
conhecer os is e os jotas, mas conhecer e
enfrentar a si mesmo como se fosse os próprios
is e jotas.
Diante deste cenário, a pior estratégia seria
beber sem sentir sede, comer sem ter fome,
jogar o jogo sem o querer jogar ou sem conhecer
as regras. Viver a vida sem gostar dela ou sem
o direito de escolher, de modo inteligente e sagaz,
os is e os jotas importantes e necessários, com
seus respectivos pingos.
Cada um pode e deve buscar para si a cura
para os seus males na Filosofia, na Religião ou na
religiosidade, na Ciência ou até no prazer efêmero.
A mim basta o prazer de ler, escrever, buscar o
conhecimento e, mesmo sem saber o todo, em cada
parte procurar o que valha a pena.
Antes reconhecer seus próprios limites e declarar
o furor ao enfrentar-se, do que passiva e
covardemente viver. Fazer disto, uma arma eficaz
para vencer os medos e a autocomiseração.
Entretanto, há que se ter o cuidado de não
transformar o egoísmo e e o ódio em algozes
do amor fraterno, tendo em conta que todo começo
pode indicar o fim, mas nem sempre o fim será capaz
de justificar os meios.
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