segunda-feira, 12 de maio de 2008

SER LIVRE É TER PODER


























DE PROCURAR, DE EXPERIMENTAR,
DE DUVIDAR, DE ERROS COMETER,
E DE DIZER NÃO A QUALQUER
AUTORIDADE LITERÁRIA, ARTÍSTICA,
FILOSÓFICA, SOCIAL OU POLÍTICA.

(TS - PARAFRASEANDO IGNAZIO SILONE)



SE E SOMENTE SE
TÉRCIO STHAL

Se existe a liberdade
E se voar for um dom,
Entre a Terra e o Céu,
Ao sabor da imaginação,
Nem a Filosofia supõe,
Nem Freud explica e expõe
As nuances e seus tons.

Se os mistérios da Vida
Sempre nos remetem ao Além,
Nas asas abertas da liberdade,
A transcender o que nos convém,
Entre as manchas turvas e os vãos,
Ofuscando luzes do Céu ao chão
Içam do solo o Ser, o refém.

Se os vapores eternos
Provocam em nós a sudação,
E se a procedência dos valores
Nos traz letargia na interpretação,
Planar será então uma saída
Para descobrir o fluxo da vida
E a aplicabilidade de nossa função.

Se a ação vem da essência
E o Ser e a Existência a precedem,
Entre o Ser e a conveniência
Os desejos e as vontades advém,
Como se fossem os fundamentos,
As balizas e os conhecimentos,
A certificarem o belo, o bom e o bem.

Se na sucessão de sinais
Houver verdades e valores,
Tempo e espaço não limitarão
As ações de personagens atores,
Os anseios serão concretizados,
Com obtenção de bons resultados,
Como sementes a gerar flores.

Se na busca por evolução
Operar em nós a viva natureza,
Catalisando e pluralizando forças,
Com fé, com amor e com destreza,
A engendrar e a adaptar ações,
Com razão, sentimentos e emoções,
Dar-se-á a expansão, com certeza.

Se mudar for necessário,
A dor não deve ser antecipada.
A massa por si só disforme
Ao ser inflamada e limitada
Ficará em seu papel obscuro,
Pois, à frente está o futuro:
O Além-túnel, após emboscadas.

Se vivermos só com a razão
Nossas mãos estarão atadas,
Sem aventurarmos na vida,
Presos em ações isoladas.
Mas, se com potencial vontade
O gosto por viver nos invade
Já não temos medo de nada.

Se a ausência de medo for coragem
E se para nós viver valer a pena,
Cada pena há de nos fazer voar.
Tomaremos conta de cada cena
Em direção à nossa estrada,
À doce mina da bica de água
Que a nossa sede envenena.

Se a mina de água vale ouro,
Beber da bica é ato de sanidade,
É um voo que nos levará adiante,
Ao topo, à transcendentalidade...
Não tentar sair é burrice,
É permanecer na mesmice
Do senso comum, da conformidade.

Se a Matemática e a Mitologia,
Com seus cálculos e insinuações,
Se os Teólogos e os Futuristas,
Com suas metáforas e suposições,
Convencer-nos do destino posto,
Nada mais nos resta, nem o gosto,
E travadas serão as nossas ações.

Se os Filósofos e os Cientistas,
Com suas cultas teses e reflexões,
Nos provar que dominam o Conhecimento,
Para que servirão nossas observações?
Do abismo não alçaremos nenhum voo,
Procurar portas nos causará enjoo,
E diremos adeus às nossas inserções.

Se na frieza das relações
Restarem apenas relatos,
As insípidas altercações
E os desgastados retratos,
Ao aflorarem as emoções
Surgirão as mais belas canções
Para resgatarem versões e fatos.

Mas, se pelo gosto de sobrevoar
Alçarmos voo a cada momento,
Estabeleceremos novos parâmetros
A nosso critério e a contento.
Paradigmas mais do que explicações
Serão criados. E as nossas criações
Nos valerão a cada evento.



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