(TS - PARAFRASEANDO VOLTAIRE)
CÉREBRO
TÉRCIO STHAL
O cérebro não se furta,
Urde, no tempo, visionário,
A mover no tear milenário
A arte breve e a vida curta.
Corre riscos, empreende jornada,
Abrasa a vida, dá tom à moldura,
Soçobra o dom em amargura,
Come esfinge na hóstia sagrada.
Flameja seu brilho no cristal
Com alma ansiosa por ventura,
Quer petiscar, resvala na agrura
Dos sonhos e visões do ideal.
Onde o surto faz maior a lacuna,
Ele refrata os mitos da História
Em conceitos, ápices de glória,
E palavras em hora oportuna.
Castiga, nega-se em dar prêmio,
Tempestua as paixões febris
Em acordes, trovas e tons pueris,
A desgastar de vez o gênio.
Vibra morno e confuso,
Flutua em seu remoinho,
Transforma água em vinho
E alimenta cada intruso.
Não vive sem o saber falho,
Passa tudo em revista,
Cada ato, gesto e pista,
E providencia cada atalho.
Qual erva o tempo inteiro
Nunca se vê a salvo...
Quando atinge o alvo
Enfia-se noutro atoleiro.
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