segunda-feira, 28 de abril de 2008

O CÉREBRO HUMANO,























QUANDO CONFUSO, EM ATRITO,
PODE LANÇAR NO ATOLEIRO
O PENSAMENTO MAIS BONITO.

(TS - PARAFRASEANDO VOLTAIRE)



CÉREBRO
TÉRCIO STHAL

O cérebro não se furta,
Urde, no tempo, visionário,
A mover no tear milenário
A arte breve e a vida curta.

Corre riscos, empreende jornada,
Abrasa a vida, dá tom à moldura,
Soçobra o dom em amargura,
Come esfinge na hóstia sagrada.

Flameja seu brilho no cristal
Com alma ansiosa por ventura,
Quer petiscar, resvala na agrura
Dos sonhos e visões do ideal.

Onde o surto faz maior a lacuna,
Ele refrata os mitos da História
Em conceitos, ápices de glória,
E palavras em hora oportuna.

Castiga, nega-se em dar prêmio,
Tempestua as paixões febris
Em acordes, trovas e tons pueris,
A desgastar de vez o gênio.

Vibra morno e confuso,
Flutua em seu remoinho,
Transforma água em vinho
E alimenta cada intruso.

Não vive sem o saber falho,
Passa tudo em revista,
Cada ato, gesto e pista,
E providencia cada atalho.

Qual erva o tempo inteiro
Nunca se vê a salvo...
Quando atinge o alvo
Enfia-se noutro atoleiro.


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