QUE PERDE A CALÇA
NO PALCO,
MAS TREME O CANTOR QUE,
SEM QUERER,
DESAFINA.
NO PALCO,
MAS TREME O CANTOR QUE,
SEM QUERER,
DESAFINA.
No outro, em alto mar,
Em corajosa travessia.
Num dia,
Resignação,
Portas e janelas fechadas.
No outro,
Cultivando e cultuando.
Num dia,
Mendigando nas esquinas
E dando com a cara no muro.
No outro,
Domando as feras,
Como quem sabe o que faz.
Num dia,
Encarcerado sem previsão de soltura.
No outro,
No camarote ou no palco,
A dizer, livremente, qual é o tom.
Num dia,
Ilustre desconhecido na bacia das almas.
No outro,
Dono do mundo e dos cavalos,
Dos cavaleiros e do sangue alheio.
Num dia,
Estrada sem saída,
Sob a mira do inimigo.
No outro,
Fluidez de movimentos
E domínio de tempos e espaços.
EUREKA: HISTÓRIA E BOLOR
TÉRCIO STHAL
No outro,
Fluidez de movimentos
E domínio de tempos e espaços.
EUREKA: HISTÓRIA E BOLOR
TÉRCIO STHAL
e no bolor dos livros antigos da Biblioteca Nacional,
descubro que Deus não nasceu na Bahia,
nem eu nasci nas Gerais.
Descubro que
"quem não chora, não mama,"
e que as tetas da nação insuficientes são
para prover o sustento da geral.
Descubro que
"quem tem padrinho vivo não morre pagão,"
a não ser que o padrinho
não esteja nem aí com o seu afiliado,
com as regras gerais do jogo da vida,
com o Papa, o Bispo, o Padre ou o Pastor,
muito menos com sacristãos e coroinhas.
Descubro que
as uvas verdes nem sempre caem do pé,
que as maduras nem sempre estão
nos galhos mais baixos
e que não é de bom tom recolher as uvas
que caem do pé e se espalham pelo chão.
que caem do pé e se espalham pelo chão.
Descubro que
o Pé Grande mora lá longe,
lá onde todo mundo congela o pé,
ou onde todos esquentam a cabeça,
mas que Mão Grande tem
em todo espaço, tempo e lugar.
Descubro que,
ao longo da História,
sempre houve enfrentamentos,
derramamento de sangue e desamor.
derramamento de sangue e desamor.
Descubro que
a fé e a esperança não morrem,
pois configuradas estão
nos sonhos e nos ideais.
"Vade Mecum!"
"Quo Vadis?"
Já estou no Século Vinte e Um, ou não?
Lustrando botas e patas de cavalos,
ilustrando quadros com fotos
e imagens de índios escalpelados,
queimando bruxas como se responsáveis fossem
por todo o infortúnio da Humanidade.
Bodes expiatórios, a própria desumanidade.
Bodes expiatórios, a própria desumanidade.
Fogueiras sempre acesas, brasas vivas
e cinzas de casas mal construídas.
O Bem e o Mal, o mal e o bem,
bem ou mal estruturados ou reconhecidos.
Descubro que
o enforcado, em plena Praça Púbica,
põe a língua pra todo mundo,
enquanto estouram Champanhes
nos compartimentos dos Palácios.
Certamente este não é
o melhor dos espetáculos,
pois não estarrece a mais ninguém.
enquanto estouram Champanhes
nos compartimentos dos Palácios.
Certamente este não é
o melhor dos espetáculos,
pois não estarrece a mais ninguém.
Entrementes,
o poeta escreve isto apenas
para cumprir o seu ignominioso ritual.
Não adverte, nem exagera.
Não adverte, nem exagera.
Aqui e acolá,
por força de Ordem Judicial,
carcereiros soltam os prisioneiros.
Aos mártires restam as missas na Matriz.
Das feridas a expectativa de futura cicatriz.
Furiosamente protesta o Lobo da Estepe
que se transforma em algoz de si mesmo.
"Você tem fome de quê?
"Você tem sede de quê?"
Do que é que a gente precisa?
Talvez muito mais do que a História
e do bolor dos livros antigos da Biblioteca Nacional!
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