HAVERÁ FLERTES E AMORES,
A LEMBRAR PERFUMES E FLORES!
E, SE CHOVER,
A CHUVA TRARÁ CONSIGO
O MAIS BELO DOS ARCOÍRIS,
COM SEU AJUSTE DE CORES.
(ESCRITORTERCIO)
VIVER VALE A PENA
TÉRCIO STHAL
Se no horizonte o sol não nascer
calmo o mar deverá permanecer,
e se o céu cinza ventos ameaçar,
grande e temida tempestade envidar,
remar sempre será o mais importante,
sem afrouxar os nós, sempre confiante,
a direcionar e não soltar os remos das mãos
e seguir, mesmo com escassez de provisões.
Se a água por todo lado estiver
e para beber nenhuma gota houver,
a água da chuva bom sinal será;
mais valor do que a calmaria terá.
Se necessário for, pra manter a calma
e para aliviar as tensões da alma
rezarei, orarei, cantarei antigas cantilenas,
porque distrair o corpo também vale a pena.
Se muito difícil tornar-se o navegar,
e se o barco estiver quase a naufragar,
olharei pro alto, olharei para cima,
ameaçarei voar, isto me reanima,
saberei que o naufrágio não é o fim,
e não pode ser, da bomba o estopim,
acreditarei em mim, enfrentarei as agruras,
mesmo que minhas forças sejam diminutas.
Corria em bosques quando criança,
com alegria, ânimo e esperança,
em lindos jardins colhia flores,
e cultivava tão belos amores.
Pensava sempre em ter futuro feliz
e saltitante vivia meus sonhos infantis.
Mas depois vem as ondas bravias
e campos movediços, a cada dia.
Eu nunca perco a esperança,
resgato em mim aquela criança,
é orvalho que vem minha relva molhar,
perfume de flores que vem me encontrar;
árvores verdes com folhas e frutos
a me dizer que sou criança adulto
e a me mostrar que viver vale a pena
a cada passo, a cada ato, a cada cena.
Fixo em mim como palavras de ordem,
ânimo, fé, esperança, amor e coragem,
nada, nem ninguém me convence a desistir.
a vida me surpreende e em frente me faz ir.
se ferreiro, mesmo com espeto de pau,
se com cavalo de madeira, não faz mal,
se com martelo e bigorna, num canto qualquer,
os machados, facas e facões afiados a querer.
Para ir até o fim da tarde a churrasquear
e as boas vitórias conquistadas comemorar,
à forja do som de melódicas canções,
sem dissimular preferências, nem ações,
e se a vida não me sorrir, como eu espero,
não por obrigação, nem por dever, esmero
ter o prazer de me fortalecer e sempre lutar,
com o conhecimento e o saber a me iluminar.
Vou além das escuras nuvens e adversidades
para vencer obstáculos e dificuldades.
Se for preciso andar, apenas andarei.
Se for preciso nadar, então nadarei.
Se for preciso remar, eu que reme.
Se for para pilotar, pegarei o leme.
Se for pra alçar voo, voarei sem parar.
Eu sei que tenho capacidade pra voar.
Se o presságio for só de adversidades,
na cabine de comando outras verdades.
a cada gesto, passo ou movimento,
atuarei a buscar novos intentos,
e mesmo que sobrevenha o manto escuro,
aliviarei cada dor com sentimentos puros.
Revoarei com cautela, irei adiante
com velocidade certa e constante.
Se o mar se agitar mais, mais e mais,
encontrarei bom motivo para ter paz.
Se presentes o temporal e o furacão,
seguirei em frente em busca de proteção.
Se a intensa neblina o farol ofuscar,
ainda por luz opaca irei me guiar,
e ao compasso da música, qual criança feliz,
dançarei sem me preocupar com o meu nariz.
Executarei gritos de um bom guerreiro
e lutarei pela vida agora, por inteiro,
acenderei a chama viva da esperança,
lanterna entre sombras, e qual criança,
não pouparei esforços, irei em frente,
hei de viver a vida intensamente,
mostrando sempre minha atitude
pra atingir, de vez, a plenitude.
Mas se de meus belos cavalos eu for despojado,
irei adiante, mesmo com os olhos molhados,
revivendo a criança em meu adulto vivo,
semeando meus sonhos sem ficar cativo,
vivendo intensamente cada momento a pulsar
tão veloz quanto o meu próprio coração mandar.
Por falta de remador, meu barco não afundará,
assumirei o comando e minha força aumentará.
Nada haverá de sufocar os meus planos,
nem os vales, nem os lugares insanos.
Entre lágrimas e gotas de orvalho
colherei mais do que o saber falho.
Entre folhas, flores e espinhos,
colherei frutos bons no caminho.
Olharei sempre para o horizonte
e superarei a altura de cada monte.
Nem o tosco véu ou manto da letargia,
pálida, gélida e inerme, de cada dia,
far-me-á deixar de direcionar o timão
e de segurar o meu destino em minha mão.
Nem a precoce ameaça de insanidade,
trágica e completa em complexidade,
nem os fortes ventos gelados vindos do norte
far-me-ão desistir de buscar melhor sorte.
Farei valer cada sonho meu, cada ideal,
e nunca me deixarei abater pelo mal.
Então matas verdes, mais verdes serão vistas
a indicar os novos caminhos e as novas pistas.
O azul do céu, muito mais azul se fará
e novas possibilidades ele mostrará.
Ainda que os raios do sol poente
não mostrem a mim luz suficiente,
eu me sentirei em total segurança
por viver os meus sonhos de criança
de que sempre é possível vencer
os ventos contrários e dizer:
se o luar de prata não me iluminar,
outra luz comigo sempre vai estar,
seja lampião, lamparina ou vela,
far-me-á ver a vida sempre bela.
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