(FIÓDOR DOSTOIÉVSKI)
DAS RELAÇÕES DE PODER
TÉRCIO STHAL
Para a vaga, o perfil.
Para o emprego, o perfil.
Para o empregado escolhido a dedo,
O perfil.
Para o cargo, cargo de mando,
Cargo na empresa, o perfil.
Para ser chefe de vez em quando
E ganhar bom salário, o perfil.
A bater o martelo e pregar,
Pregar, pregar e a praguejar,
Vesgo, torto, qual cavalo cego.
Juízo para quê?
E Juiz para quê?
Manda quem pode
Mas quem obedece?
Má fé, desordem,
Mas na Bandeira os dizeres,
Progresso e Ordem.
Quem escreve, não lê,
E quem porventura lê,
Não quer nem saber
O qu está escrito.
Crise, crise, crise!
Na parede
O emprego
Emparedado.
Na linha de corte,
O empregado
Ao léu da sorte
E cercado.
Mas aí vem o Senador,
E defende cela especial
Ou prisão domiciliar,
Só para os imunes,
Só para os impunes.
Não precisa trabalhar,
Nem sequer ser chefe,
Mas precisa ter o perfil
De homem dono das Leis,
De homem acima das Leis,
De homem inteiramente livre,
Com direito de agir por conveniência
Em toda e quaisquer instâncias,
Fazendo valer o tráfico de influência.
Acima de tudo e de todos,
Eis o grande cidadão,
Bem acima do bem e do mal
Com direito a ampla defesa,
Recursos tantos sobre a mesa
E reconhecido Fórum Especial.
Crise, crise, crise!
Corrompem empregados,
Corrompem chefes e patrões,
Que não veem outra alternativa
A não ser se venderem por míseros tostões.
Enquanto desviam e usurpam muitos milhões.
Degeneração do Ser Humano,
Se é que bem ou mal a mereça
Cada um busca o boné, ou chapéu,
Que melhor lhe caiba na cabeça.
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