(TOLSTOI)
GUERRA E PAZ
TÉRCIO STHAL
Com intensidade as trevas caem
E as forças humanas se esvaem.
No Vale das Sombras,
Sombras da morte.
No Vale de Lágrimas,
Lágrimas sem sorte.
Os cães riem e comem
A carne exangue
E, o mesmo tempo, bebem
Da carne, o sangue
E enterram os ossos
Num canto qualquer.
Todos veem, todos ouvem,
Mas não sabem o que fazer.
Aqui, ali e acolá,
Fingem estar vivos,
Fingem estar,
Mas estão cativos.
Há um cavalo fraco,
Cujo nome é morte,
Que transpõe o véu
E expõe até o forte,
Transcende ao Inferno,
Transcendo ao Céu...
É almoço de abutres,
Jantar dos deuses
Ou chá das três
De pequenos príncipes?
Simples ralo,
Válvula de escape
Ou válvula de descarga,
Que quando se aciona
Fica e não funciona
Para que nada se acabe.
A interface
Entre Vida e Morte
Traz consigo
O estranho aporte
Do dissabor,
Da sequela,
Da cicatriz,
Da intensa dor,
Da infeliz tragicomédia.
Do dramalhão cômico
Das frustrações,
Dos vírus,
Das doenças,
Das infecções,
Das violências,
Das banalizações,
Das essências
E de suas aplicações.
Com o passar do tempo
Vem com veemência a admissão
De que nada mais assombra,
Nem a intensa escuridão,
Nem a penumbra e as sombras,
Nem as alegorias fúnebres,
Nem a morte, nem os túneis,
E sugere ser mais importante
A intenção de seguir adiante
E amar os inimigos conquistados,
Para vê-los ainda mais irritados.
E por saber que a morte não é o fim,
É arquétipo, é modelo exemplar,
Natural protótipo para ser o sim,
O seguir em frente, para além e voar...
É fundamental, é da natureza, enfim
Estar pronto e preparado para a guerra,
A fim de estabelecer a paz na Terra.
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