sábado, 29 de dezembro de 2018

"...NINGUÉM É JAMAIS UM PRÓPRIO:

NÓS TODOS SOMOS UM SÓ SE CHAMAM.
E TODOS EM SI NOS SOMOS
QUAL PARTE QUE SE REPARTE E É UNA:
A LARANJA E OS GOMOS..."

(LEONARDO FRÓES)



















CANTAROLANDO
TÉRCIO STHAL

Depois que tirei o terno
do meu corpo
e vesti esta camiseta
sem mangas,
saí do festival de caça
aos pombos
e olhei para as montanhas
sentindo o cheiro de verde no ar.

Depois que saí
das mesas platinadas
e das longas conversas
ao telefone,
me vi em saborosos "drinks"
de boa sorte,
entre amigos dispostos
a anoitecer e amanhecer juntos.

Ao som de um violão,
cantarolando,
a vida entre amigos
com amor e esperança.



DURA REALIDADE
TÉRCIO STHAL

Chora o poeta 
sem reconhecimento,
mas o "perna de pau
e mão de gancho," 
pirateando,
faz fortuna.

Os visionários 
e os de espúria cultura 
são pendurados no varal
sob sol causticante
até quarar o globo ocular.

Depois de muitas doses 
de cerveja, rum, 
vermute e vinho,
como fugir do calor vespertino 
e do trem que sai dos trilhos?



OLHAR DE PEIXE VIVO
TÉRCIO STHAL

Tem sempre alguém
fisgado no anzol,
com jeitão de peixe frito,
com olhos esbugalhados, 
como quem não quer morrer,

como quem não quer uvas verdes,
mas também não conhece as maduras,

como quem, da realidade,
consegue ver apenas prévias molduras,
como girafa de perna quebrada
ou como artista que se acostuma
e se acomoda em viver sob censura.

Por ter medo de viver solto no pasto
e sofrer as intempéries e agruras,
morde a isca e engole de vez o anzol
que um breve repasto lhe assegura.



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